Silagem, o que devo saber?

Quem é pecuarista sabe muito bem que um bom alimento faz toda a diferença na nutrição dos seus animais, e para se ter sucesso na ensilagem e posteriormente na qualidade do alimento, precisamos dar atenção há alguns pontos, que vai desde a colheita até a abertura do silo. Porém, muitas vezes surge algumas dúvidas sobre as práticas que devem ser efetuadas na ensilagem, por isso, trouxemos alguns pontos importantes e que fazem toda a diferença nesse processo. 

Milho no ponto perfeito

O primeiro passo para uma silagem de qualidade, é o ponto de colheita da planta, muitas vezes as condições climáticas estão desfavoráveis e acabam prejudicando o ponto ideal, e o produtor precisa tomar algumas decisões como: colher antes ou em últimos casos, deixar até passar do ponto.

De forma prática, avaliamos visualmente as espigas para concluir se está no ponto ideal, mas, o momento certo para colher, é quando a linha do leite está na metade do grão, assim como mostra a imagem abaixo.

Nesse ponto (1/2 da linha do leite), a planta de milho já depositou aproximadamente 90% do amido total presente no grão e possui umidade adequada para uma fermentação de qualidade, ou seja, o teor de matéria seca estará em torno de 35% (veja o exemplo da imagem abaixo). 

As lavouras de milho que não estão no ponto ideal, podem trazem alguns prejuízos na qualidade do alimento. Quando colhidas verdes, ou seja, antes do ponto, a planta não adquiri seu máximo potencial de amido, que pode ultrapassar 120 kg/ha por dia na fase de enchimento dos grãos.

Após o seu armazenamento no silo, para então iniciar o processo de fermentação, o milho, quando verde,  produz altas concentração de ácidos butírico e acético, o que irá reduzir o consumo dos animais, pois possui odores desagradáveis, principalmente do ácido butírico. No entanto, o ácido acético traz um ponto positivo para a silagem, que é a estabilidade aeróbica, assim, reduzindo o aquecimento da silagem, e evitando o crescimento de leveduras. 

Já quando o milho é colhido de forma tardia, o processo trona-se um tanto quanto dificultoso, pois ele irá dificultar na compactação e reduzir a capacidade de fermentação do material, por isso, a importância do ponto ideal, ou seja, quando o milho está 1/2 da linha do leite e 35% de MS. 

Mas como nem tudo são flores, podem existir diversos detalhes, que no fim resultaram em alguns dos problemas citados, por isso, é importante saber como agir nas decisões a serem tomadas. Hoje no mercado, é comum encontrarmos as sementes híbridas, e se vale o conselho, é melhor optar por essa qualidade no momento do plantio, pois, apresentam elevado vigor e produtividade, o que auxiliar muito na margem de imprevistos climáticos. 

Já nos casos de seca severa (o que vem sendo muito comum), quando se observa as folhas dos baixeiro secas, é recomendado esperar o grão chegar na metade da linha do leite, e ir monitorando para que a matéria seca não ultrapasse os 38%.

A ensilagem 

A ensilagem é uma técnica onde o material da lavoura ou da pastagem é colhida, picado e armazenada sob compactação dentro dos silos, onde, em ausência de oxigênio, sofre fermentações específicas, que irá conservá-la até que seja fornecida aos animais. Para este processo, no qual a forragem verde é conservada pela fermentação anaeróbica é que chamamos de silagem (Produção de silagem,1997).

As técnicas de ensilagem visam facilitar e acelerar a fermentação anaeróbia dentro do silo, porém, este processo requer alguns cuidados por parte do produtor na tentativa de se reduzir perdas e garantir a qualidade da silagem de milho, como: o material colhido deve ser picado em partículas com tamanho entre 2 e 2,5cm antes de transportá-lo para o silo (TOMICH, 2003). O corte é importante pelo fato de (1) facilitar a acomodação do material dentro do silo e (2) expor os carboidratos solúveis e facilitar a ação dos microrganismos fermentadores. Se o material colhido ficar exposto ao ar servirá de substrato para as bactérias aeróbias e sofrerá fermentações indesejáveis impossibilitando sua preservação. A retirada do oxigênio de dentro do silo é feita através de expulsão, usando para isso compactação constante com tratores à medida que o material picado é colocado dentro do silo (LANES, 2006). Após o enchimento e compactação o silo deve ser vedado para impedir a entrada de ar, sendo que, a colocação de lonas plásticas é o método mais recomendado e utilizado. Por cima da lona, coloca-se terra e ao redor do silo fazem-se valetas e cercas para impedir a entrada de água e animais (Produção de silagem,1997).

Quando a umidade e a porcentagem de matéria seca estiver fora das quantidades esperadas, terá perdas após a ensilagem, pois quando compactadas dentro do silo, elevadas quantidades de efluentes líquidos, ou chorume, que carreiam para fora do silo uma alta porcentagem de nutrientes de interesse nutricional tanto para as bactérias anaeróbias quanto para os ruminantes que consumirão a silagem.

A abertura do silo

Do ponto de vista de fermentação, um silo com 15 dias de vedação já está pronto para uso. A temperatura pode ultrapassar os 40ºC, atingindo a mínima temperatura após 15 dias de vedação, concluindo que a fermentação diminui o processo, mas nunca para. No gráfico abaixo podemos observar o comportamento da temperatura dentro do silo após o fechamento.  

No entanto, para se alcançar os níveis máximos de digestão de amido, é necessário deixar pelo menos 60 dias os silos vedados.

Para a abertura do silo, existem 2 recomendações importantes: A primeira é a relação de quilogramas de silagem por metro quadrado de painel de silo, sendo que devemos retirar 250kg de silagem/m² de painel, por exemplo, se temos um silo de 5×2 metros = 10 m², isso quer dizer, que devemos retirar por dia nesse painel 2.500kg de silagem em forma de fatia. E a segunda é o avanço diário, onde se recomenda retirar uma fatia de 30cm/dia de alimento.

Seguindo todas essas recomendações, e tendo o acompanhamento de um profissional desde o plantio até a ensilagem, esses processos e tomadas de decisões, irão garantir um alimento de qualidade para o seu rebanho.