Importância da Colostragem na Bovinocultura de Leite

Entenda a importância da colostragem na bovinocultura de leite e como ele pode ajudar com o a criação do seu rebanho.

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Atualizado há 1 ano | Publicado em 14 . Feb, 2023

   O colostro é descrito como a primeira secreção láctea dos mamíferos produzida durante o período seco (final da gestação), obtida depois do parto. Sua composição sofre influências de hormônios, como estrógeno e progesterona, de hormônios lactogênicos como a prolactina e pela idade da mãe, número de lactações, raça, nutrição e doenças concomitantes.

   O colostro é rico em gordura, proteínas e imunoglobulinas, e pobre em lactose. É um produto impróprio para consumo humano e, portanto, não pode associar-se ao leite comum.

   As secreções coletadas após a 2° ordenha até 72 horas pós-parto são denominadas leite de transição, pois a sua composição é semelhante à do leite. Porém, após o quarto dia de lactação, a composição muda para leite normal.

   As vacas com três ou mais lactações geralmente apresentam um colostro com mais concentração de IgG do que as de primeira e segunda lactação, por terem tido mais contato com microorganismos ao longo da vida produtiva e enfrentado mais desafios sanitários, resultando em um colostro com concentração superior e maior diversidade de anticorpos. Vacas com maior potencial produtivo podem expressar essa característica logo após o parto. Ou seja: vacas de alta produção tendem a produzir um maior volume de colostro.

   O colostro será a primeira fonte de nutrientes para o bezerro recém-nascido, sendo essencial para a geração de calor e manutenção da temperatura corporal, uma vez que o animal possui poucas reservas corporais. Possui fatores de crescimento e hormônios que são responsáveis pelo direcionamento do desenvolvimento de vários tecidos e órgãos corporais. E tem também efeito laxativo que ajuda o jovem animal eliminar o mecônio ou, primeiras fezes.



   No caso dos bovinos, devido à estrutura sinepiteliocorial da placenta, a transferência passiva não ocorre durante a gestação. Os neonatos nascem desprovidos de qualquer memória imunológica. Sendo assim, o colostro é o único meio de transferência de anticorpos da mãe para os bezerros, capaz de oferecer proteção até que possam desenvolver melhor sua própria imunidade. Por isso a ingestão do colostro em quantidade, qualidade e tempo adequados após seu nascimento é essencial.

   A rápida administração do colostro é importante porque o colostro perde a qualidade à medida que o tempo passa e associado a isso, há a perda gradativa na capacidade de absorção de imunoglobulinas pelos neonatos.

   Neonatos, de maneira geral, devem ingerir no mínimo 10% do peso vivo de colostro de boa qualidade (>22% brix) - a partir do refratômetro de brix, ou 50 a 140 mg/ml (escala verde) - a partir do colostrômetro), nas primeiras seis horas de vida, a uma temperatura bem próximo à temperatura corporal dos bezerros (aproximadamente 39°C).



   Após a avaliação, o colostro de boa qualidade que for excedente pode ser armazenado na própria fazenda para a manutenção do suprimento. O armazenamento pode ser feito em garrafas ou sacos plásticos que posteriormente serão congelados.

   É importante ressaltar que a higiene durante todo o processo - da coleta até o armazenamento, é fundamental para evitar contaminações bacterianas, pois microorganismos presentes no colostro contaminado colonizam mais facilmente o trato gastrointestinal dos bezerros. Também é importante registrar no banco de colostro a data da coleta, identificação da vaca e o resultado da avaliação. O descongelamento deve ser realizado em banho-maria, não ultrapassando a temperatura de 50°C para evitar a destruição de alguns constituintes mais sensíveis, como os anticorpos.



   Portanto, fornecer colostro rico em imunoglobulinas às bezerras o mais cedo possível após o nascimento, é essencial para aquisição de animais saudáveis e resistentes, garantindo um excelente rebanho leiteiro para o futuro, pois a bezerra de hoje, será a vaca de amanhã.