Entenda o aumento do preço do leite e derivados
Entenda os motivos do aumento no preço do leite e derivados nos últimos meses e o valor pago ao produtor de leite.
Nos últimos meses, em alguns locais do Brasil é possível encontrar o litro do leite UHT variando de R$5,00 a R$9,00, além de um aumento considerável nos derivados lácteos. Essa elevação nos preços é causada pelo aumento dos custos de produção e da escassez do leite no mercado, fator que está resultando em queda no consumo devido ao mercado interno que ainda está fragilizado em razão da pandemia de COVID-19.
De acordo com o boletim do leite publicado pela CEPEA no mês de junho, desde janeiro o leite captado acumula uma valorização real de 14,5% e essa valorização deve-se à menor disponibilidade de leite no campo. Com menor oferta de leite, a concorrência entre as indústrias de laticínios segue intensa, sustentando o movimento de elevação nos preços do leite cru.
O que está causando a diminuição na oferta de leite?
Bom, vamos lá!
Um dos fatores é o avanço do período de entressafra da produção (que ocorre de forma sazonal, nos períodos de outono e inverno), quando o clima mais seco prejudica a disponibilidade e qualidade das pastagens. Além disso, as alterações climáticas causadas pela La Niña no ano passado prejudicaram a produção e qualidade da silagem utilizada na alimentação animal neste período. Com isso, a produção no campo segue limitada devido aos altos custos de produção de insumos, resultando em menores investimentos no campo nos últimos meses.
Valor recebido pelo produtor
O valor recebido pelos produtores, demonstraram, na média, uma alta significativa em comparação com o mesmo período de 2021. De acordo com a análise mensal feita pelo CONAB, a tendência sazonal de alta está sendo fortalecida devido ao aumento nos custos de produção ligados à alimentação, combustíveis, medicamentos e concentrados, contribuindo para a redução do leite produzido de maneira mais acelerada. Esse fator leva dúvidas quanto a rentabilidade do setor para pequenos e médios produtores.
Preço recebido pelos produtores – Preços reais
O boletim de preços do Centro de Inteligência do Leite da Embrapa, demonstrou que no mês de junho, o preço do leite pago ao produtor registrou uma alta quando comparado com o mês de maio. O preço médio nacional foi de R$2,68 por litro. Para julho, especialistas indicam que o valor continuará estável, acompanhando a elevação dos preços no mercado atacadista e no mercado do Leite Spot (leite cru comercializado entre as indústrias). Essa alta favorece o momento de baixa rentabilidade do produtor e vai proporcionar recuperação das margens, incentivando a melhorar a produção.
Preço dos derivados lácteos em alta
Dados do CEPEA indicam que o movimento de valorização dos lácteos se intensificou na primeira quinzena de junho, devido ao progressivo aumento nos preços pagos aos produtores e também das cotações do leite Spot. No varejo, houve um aumento mensal de 5,7% na cesta de lácteos, com destaque para o leite condensado e o leite UHT. E, de acordo com a Embrapa, em 12 meses, os lácteos tiveram incremento de 25,4%.
Os preços no atacado atingiram cotações históricas. Considerando apenas a segunda quinzena de junho, os valores médios negociados foram superiores a 20% de crescimento. Na primeira semana do mês de julho, o litro do Leite UHT foi comercializado a R$ 6,50 e o kg do Queijo Mussarela atingiu R$ 43,28. No mercado do Leite Spot, os valores de comercialização chegaram a R$ 4,16.
Importações e exportações
De acordo com a análise mensal do CONAB, as importações vêm ganhando margem pelo terceiro mês consecutivo. A oferta interna limitada, associada com a elevação significativa dos preços no mercado nacional, resultaram em um equilíbrio de importação, que atingiu um volume superior de importações para o mês de junho, quando comparado aos últimos anos. O leite em pó é responsável por 49% das importações de lácteos em 2022 e, quanto a volume, foi importado 52% a mais que o mês anterior.
Referente a exportações, a tendência é de queda e quando comparado ao mesmo período de 2021, os valores exportados são 42% menores. Neste cenário, no primeiro semestre do ano, o leite em pó e o leite condensado foram responsáveis por 49% de todo o volume exportado.
E qual o cenário para o segundo semestre?
A expectativa para o segundo semestre é de que os preços encontrem um ponto de equilíbrio em todos os elos da cadeia produtiva. Os custos de produção tendem a ser inferiores devido ao preço da soja, milho e trigo que está em queda na bolsa de Chicago e aos combustíveis que tiveram uma redução de preço no mercado interno. A tendência é de aceleração das importações devido à competitividade atual do produto importado.
Quanto ao preço pago aos produtores, mesmo durante o período de menor produção sazonal o valor recebido deve-se manter em equilíbrio. O repasse de custos ao consumidor final é inevitável, mas, algumas empresas já estão diminuindo o preço do leite UHT e derivados devido ao baixo volume de vendas. Porém, com os recentes aumentos nos valores dos auxílios aprovados pelo Governo, a tendência é de que a queda dos níveis de consumo seja amenizada.
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Referências
CONAB. GOVERNO FEDERAL (Distrito Federal). Análise Mensal. Leite e Derivados, Companhia Nacional de Abastecimento, p. 1-7, 20 jul. 2022. Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/analises-do-mercado-agropecuario-e-extrativista/analises-do-mercado/historico-mensal-de-leite. Acesso em: 18 jul. 2022.
EMBRAPA GADO DE LEITE (Brasil). Mercado do Leite e Derivados: Julho de 2022. Centro de Inteligência do Leite, 12 jul. 2022. Disponível em: https://www.cileite.com.br/nota_conjuntura_jul_2022. Acesso em: 18 jul. 2022.
CEPEA (Piracicaba – São Paulo). Centro de Pesquisas Avançados em Economia Aplicada. Boletim do Leite. Junho de 2022, CEPEA - ESALQ/USP, ano 28, n. 234, p. 1-8, Junho 2022. Disponível em: https://www.cepea.esalq.usp.br/upload/revista/pdf/0126283001656007859.pdf. Acesso em: 18 jul. 2022.