Como melhorar a qualidade do leite produzido

Aprenda a cuidar dos fatores que podem melhorar a qualidade do leite produzido na sua propriedade

5 min de leitura
Atualizado há 2 anos | Publicado em 23 . Jul, 2021

Desde 2019 quando as normativas IN76 e IN77 estabelecidas pelo MAPA entraram em vigor, passou-se a exigir melhor qualidade de leite proveniente dos produtores e da indústria. Para estar dentro dos parâmetros exigidos pelo MAPA os produtores têm um trabalho árduo para garantir leite de qualidade.

Hoje a qualidade é um fator determinante para que os produtores tenham valorização no preço recebido pelo litro, pois, a indústria necessita de um produto com melhor rentabilidade, necessitando de um padrão de qualidade, garantindo um produto final seguro para consumo.

O leite é um composto de sólidos, água, lipídios, minerais e vitaminas (Prado, 2016), que quando processado da origem a diversos produtos como: queijos, iogurtes, sorvete, entre outros, além de serem consumidos in natura. Vários fatores alteram a qualidade do leite como: clima, manejo, condições higiênicos-sanitárias, nutrição, temperatura de armazenagem, transporte de leite, bem-estar e sanidade. Visto que são muitos fatores que interferem na qualidade do leite necessitamos ter muitos cuidados e manter todos os pontos dentro dos conformes.

O processo se inicia logo na escolha da genética das futuras vacas de leite. Há raças que geneticamente produzem leite com mais sólidos. No entanto, muitos outros fatores externos interferem na composição do produto e devemos entender o que interfere para que possamos corrigir.

Alimentação

A alimentação que os animais têm disponível influência diretamente na qualidade do leite. Os ruminantes necessitam de fibra para estimular a ruminação, é indicado que a dieta tenha entre 26 a 28% de FDN (Fibra em Detergente Neutro), a baixo desse nível as vacas ficam propensas a ter acidose ruminal, causando redução da gordura do leite, por isso é importante garantir que os alimentos fornecidos tenham tamanho de partícula maior que 8 mm garantindo o funcionamento ruminal.

No entanto, dietas muito ricas em fibras, com baixa energia, acabam limitando o consumo de energia e reduzindo a proteína da composição do leite. Por isso é importante conhecer os alimentos que se tem disponíveis, quais as características químicas e físicas dos mesmos e ajustar a dieta adequadamente conforme a exigência de cada plantel considerando: raça, peso dos animais, produção, fase de lactação, entre outras características que são importantes para ajustar a dieta adequadamente.

Saúde

Além da alimentação devemos ter cuidados com a sanidade dos rebanhos. Ter um cuidado com as vacinas obrigatórias e recomendadas garante que os animais não fiquem expostos a doenças, garantindo rebanhos saudáveis. Acompanhar com frequência a incidência de mastite no rebanho é fundamental para garantir a qualidade, a qual pode ser feita através de análise laboratorial coletando amostras individuais dos animais e analisando a CCS (contagem de células somáticas).

Outra forma que contribui para a saúde do rebanho é realizar o teste de CMT (california Matit teste) (vídeo), uma opção de baixo custo e instantânea para que seja identificada animais com mastite. Depois de identificados os animais contaminados devem ser tratados e deixados para o final da ordenha evitando contaminar animais saudáveis.

Garantir que os animais estejam em bem-estar auxilia para a qualidade do leite e quando falamos em bem-estar o processo todo deve estar funcionando perfeitamente, garantindo que os mesmos tenham condições adequadas para expressarem seu potencial genético de forma saudável.

Clima

Animais com características leiteiras apresentam baixa resistência a altas temperaturas, portanto, garantir que o ambiente em que os animais se encontram sejam climatizados, seja por ventilação e resfriamento ou por sombra natural, garantindo que os mesmos realizem trocas térmicas sem acionar mecanismos de emergência mantendo a integridade sanitária das vacas em lactação.

Segundo Cai-yun et al. (2019) animais expostos a altas temperaturas reduzem até 10 kg ao dia na produção de leite. Para Smith et al. (2013) e Bernabucci et al. (2014), os animais também apresentam redução de proteína e gordura.

Outro ponto muito importante é a armazenagem e o transporte do produto. Ter os equipamentos regulados e bem higienizados é fundamental para garantir a qualidade final do produto. A recomendação é higienizar os equipamentos após cada ordenha ou coleta do leite, intercalando a utilização de detergente ácido e alcalino, além de ter cuidado com a temperatura da água que deve ficar entre 70 e 45° C.

O detergente alcalino tem a função de remover açúcar, gordura, proteínas e o detergente ácido evita acúmulo de sais nos equipamentos.  A higienização deve ser realizada conforme a recomendação dos fabricantes. A temperatura de leite no tanque deve estar no máximo a 4° C e atingir esta temperatura em até 3 horas sendo recolhido em 48 horas (IN 77).

São muitos os fatores que influenciam na qualidade do leite, por isso é fundamental ter conhecimento dos pontos que necessitam de melhorias na propriedade. Ter um sistema que te auxilie nesse processo é importante e o Leigado faz isso para você, te orientando onde é necessário melhorar. Quer conhecer as vantagens de usar o Leigado em sua gestão? Baixe nosso aplicativo ou se cadastre em nosso sistema pelo site site da Leigado.




Fontes:

 https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/52750137/do1-2018-11-30-instrucao-normativa-n-76-de-26-de-novembro-de-2018-52749894IN%2076

CAI-YUN, F.; DI, S.; HE, T.; RUI-TING, H.; LEI, R.; YING, Y.; YAN-JING, S.; JIAN-BO, C. Milk production and composition and metabolic alterations in the mammary gland of heat-stressed lactating dairy cows. Journal of Integrative Agriculture, v. 18, n.12, p.2844–2853. 2019.

BERNABUCCI, U.; BIFFANI, S.; BUGGIOTTI, L.; VITALI, A.; LACETERA, N.; NARDONE, A. The effects of heat stress in Italian Holstein dairy cattle. Journal of Dairy Science. v. 97, n. 1, p. 471-486. 2014.

SMITH, D.; SMITH, T.; RUDE B.; WARD, S. Short communication: comparison of the effects of heat stress on milk and component yields and somatic cell score in Holstein and Jersey cows. Journal of Dairy Science. v.96,p. 3028–3033. 2013.

Prado et al. Milk yield, milk composition, and hepatic lipid metabolism in transition dairy cows fed flaxseed or linola, Jornal of dairy Science, 2016.